The Project Gutenberg EBook of Relaçam dedicada A Serenissima Senhora Rainha da Gram Bretanha da Jornada que fes de Lixboa the Port-ts Mouth, by Sebastião da Fonseca This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org Title: Relaçam dedicada A Serenissima Senhora Rainha da Gram Bretanha da Jornada que fes de Lixboa the Port-ts Mouth Author: Sebastião da Fonseca Release Date: October 27, 2006 [EBook #19641] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK RELAÇAM DEDICADA A *** Produced by Pedro Saborano (Este ficheiro foi produzido a partir da digitalização do original, disponibilizada pela Biblioteca Nacional de Portugal - This file was produced from images generously made available by the National Library of Portugal) Relaçam Dedicada A Serenissima Senhora Rainha da gram BRETANHA Da JORNADA que fes de Lixboa the POR-TS MOUTH _Pello P. Sebastiaõ da Fonseca Mestre, Cappellaõ, E Presidente Em O Hospital Real de todos os Sanctos na Cidade de_ LIXBOA. _LONDRES_ Na Officina de _F. Martin Fa. Allestry & Tho. Dicas._ _Anno 1662._ A Serenissima Senhora Rainha da gran Bretanha Dando lhe O Parabem da Chegada, e pedindo lhe Licença para escrever a jornada. A daruos o parabem chega minha confiãça. nem toda desuanecida nem toda desconfiada. Galas tras de muitas Cores porem todas desmayadas ou seja pelo que intenta ou seja pelo que alcança Lixboa a cor de ciume e Londres a da Esperança lhe da; porem certo he que vos lhe eis de dar a gala E jâ revestida toda de vossa grandesa e fama nam teme ser atrevida menos ser vituperada. Inda que tosca e groceira con vox pura limpa e clara entra a diser seu papel e desta maneira falla. Parabem vos dem ô Deusa de quanto o Oceano banha desde o nascente ao poente desde Lixboa a Bretanha Parabem vos dem senhora destas christalinas aguas que a esperaruos vem vestidas de chamalote de prata Parabem vos de tambem quem tamb[~e] vos acompanha esta naçam Portuguesa poucos corpos muitas almas Parabem vos dem os grandes pequenos e toda a casta porque a taõ casta bellesa venham todos festejalla. Parabem, vos dâ por mi tambem minha confiança por mi, como entereceiro por si, como entereçada. Perdoa ilhe, por quem sois pois naceo na vossa patria, e he de Lixboa, que ausente estas ditas, chora e canta. E se a caso dais Licença pintarâ toda a jornada, despedidas de Lixboa e entradas da gran Bretanha. _DEDICATORIA A SERENISSIMA SENHORA RAINHA DA GRAN BRETANHA_ Serenissima senhora a quem todo o mundo acclama por bella Estrella do Norte Lusido Sol da Bretanha. Vos que depondo o socego quisestes romper as aguas por enxugar as dos olhos que ha tanto a patria derrama Se bem de teruos presente hera a gloria e dita tanta, que a presente ausencia chora quem os futuros chorâua. Vos que tanto â vossa conta tomastes a nossa causa; que se nam sentem as custas vincendo vôs a demanda Vos que pello bem comum deixais o logro da patria porque ella consiga ditas posto que sinta as distancias Ouui a vôx desta pena que glorifica discanta por ter ja Licença vossa para pintar a jornada. Se naõ chegar o pinsel a pintar cousa taõ alta em jornada taõ comprida bem posso pintar de auguada Que o colorido talvez con as distancias desmaya vâ de pintura senhora e vosso amparo me valha _IORNADA DE LISBOA, TE PORTSMOUTH._ Aos vinte e tres de Abril entre semana, e semana h[~u] Domingo qu'entre todos, se tem por dia de guarda Depois daquella grandesa de que todo o mundo pasma em que o pouo fes extremos e os grandes conta das galas De tantos arcos triunfantes as ruas todas ornadas que tudo hera h[~u] Rocio por donde a aurora passava Passou dos arcos à ponte que marauilhosa estava bem me rio eu que o Rio visse cousa mais galharda Chegou toda a fidalguia pondosse em vistosas alas porque â Estrella do Norte Seruissem todos de guardas Viram todos a estrella dessia o sol para as aguas posse o sol; e apareceo, mais h[~u]a estrella na barca Fes Portugal marauilhas; tudo amor perfeito causa, e embarcando a primauera deram os nauios salua Os marinheiros sobidos pellos velames exarcias enchiam o ar de viuas e os barretes de vayas Ouue fogo como terra de tiros e luminarias, teue o ar suas quenturas suas fogagens as aguas Veyo Rompendo a menhan e cuido que nam chegâra se lhe nam dera licença o sol que escondido estáua Leuou ferro a Nao Real (quero diser Capitania) se he que pode leuar ferro quem leua em si tanta prata Levaram ancora todas despediramsse de Almada emquanto a alma do pouo se despedio da sua alma Fiseram as cortesias a Pallacio, que chorâra se a Capitania nam fora cõ o pano tomar lhe as lagrimas Foi largando as Velas todas deixando naquellas prayas Cantidade de suspiros e grande numero de ancias Em sancto Amaro ficou porque estava bem lembrada de que outra terça feira a dera o sancto bem sancta. Porquanto as terças do Ceo herda Portugal nas Chagas e nam pode ter ma sorte quem ternos e quinas lança Viramsse as Magestades este dia; quem jurâra que fosse Atlante h[~u] madeiro de dous tam grandes Monarchas A minha Nao que Roby por preciosa se chama por ser pedra quis ficar junto à pedreira de Alcantra Quis Vallersse de pedreiras para ser da Capitania a mais ualida de todas por parte de uisinhança Serrousse a noite e contando todos, a festa passada sonharam muitas grandesas posto nam foram sonhadas Mal tinha do primo sono Limpo parte das pestanas se bem no todo da noite dormi so no quarto d'alva Quando ouui (nam sey fe ouui) sonhey (nam sey se sonhaua) liras con cordas deuinas Anjos con voses humanas Fiquei absorto; porem abrî parte da varanda repremi todo o alento por ser pequena a distancia Estavam dous Bargantins a bordo da Capitania hum pella banda direita outro pella outra banda Encontrauansse os discantes cõ o rustico das flautas o tosco das sanfoninas cõ o sonôro das arpas Callandosse os Instromentos h[~u]a vox branda e delgada tam fina que parecia que por Fee se deuisaua Cantou a seguinte letra; a Fee senhora uos canta porque chora ha muito tempo a dilaçam desta causa Cantou outra vox sonôra o seguinte; o bem haja quem Charitativa a Fee tanto estende tanto espalha A outra vox que Esperou por ser toda Esperança disse a fim; a fe, que espera vencer a Fee a demanda. Bem no vltimo compaço deste terno; a outra barca tocando a dança do Porto posto estaua sobre as aguas Deu principio a que Cantasse h[~u]a vox sentida e branda que parece que se via o mesmo que se escutaua Disse assim; uerâ o mundo nas partes da gran Bretanha aquella que se nam uê por toda a terra espalhada Cantou logo outro quarteto outra vox, que por ser alta pudera correr parelhas con a trompeta da fama E disse desta maneira (sonôra liquida e clara) quem entra pello ouuir nunca de teus Reinos saya Cantou logo a vox terceira pondo as terceiras tam altas, que deixou sem corda alg[~u]a as Violetas que tocaua Mestra hera entre todas porem mal afortunada quiça por ser da Capella melhor flor; ou melhor falla Cantou o quarto sentido mas porem tanto gostava do que cantou, que nam pude ouuir lhe a menor palaura O quinto fes hum discante porem nam quis Cantar nada e tocando h[~u]a ala uella foramsse em modo de dança Fiquey do que ouui suspenço despertey os camaradas que nam seram testemunhas por ser suspeitos na causa Muito foi, sendo potencias o nam ouuillas uiva alma mas dormiram, porque disem durma quem tem boa fama Muito foi, sendo sentidos nam nos sentir h[~u]a armada mas so quem teue pedreiras pode alcançar ditas tantas Sahio o dia bem cedo porque bem de madrugada vinha ver qual dos dous soes o tal dia gouernaua A tempo que os marinheiros hiam colhendo as amarras disendo na sua lingua uento em poupa, mar bonança E largando a Nao Real deu à vella toda a armada saluando a Nao que a Bellem trouxe o pam que a tantos salua. A torre nos fes conuite con doce que chamam balla e por ser menhan, nos deu salua, sem pucaro de agua Ouue tiros como area e hera a fumaça tanta que areava; tanto asim que areou a mesma praya Neste mesmo tempo a torre que inda que velha se chama nam deixa de ter seus fumos inda depois de enterrada Fes suas peças, e tanto que a de Belem, asustada cuidando ardia: foj logo valler lhe por sima da agua Se nam fora Caparica que por vesinha chegada lhe deu fumo do murraõ e desseo a acompanhalla Senam con ballas de fogo talves con tiros de lagrimas tanto asim, que a capa rica que trouxe, leuou molhada Fomos rompendo o Christal do Tejo; o quem pintâra as despedidas dos montes e as saudades das aguas Acompanharam nos sempre barquinhas, botes, fragatas que isto de levar barquinha he aliuio das jornadas Tomamos de h[~u]a Pilloto somente por ser usança que os ardilosos Ingleses tem a barra decorada Depois de passar as Torres entramos pella anciada de sam Iuseph donde as ueses fomos alguns camaradas A ver entrar Naos Inglesas a ver sahir Naos de Olanda a uer hir Naos para a India e a uer dar fundo as armadas Lembroume o passado tempo e deste agora a mudança; Mas tudo fas por melhor quem estas mudanças traça Chegamos a sam Giam longe alg[~u] tanto da Patria que inda que fraca Lisboa pôde lançar longe a barra Tanto hera o fogo na Torre que cuidando se queimaua (sem ter auiso do Ceo) fogio de lob toda a armada A outra Torre de fronte tanto estoutra a remedaua que parecia Bogio que con Cachopos brincaua Logo auistamos Cascaes imperio de mil Monarchas que por Pentecoste, deixam o exercicio das barcas A Guîa fomos deixando por serem os todos Aguias no uoar con tanto Norte que assas foj pesada graça Alongamonos da Roca; esse ella fora de Cana, acharamos o Canal sem ser na Costa de França O vento nos desuiou de terra; con força tanta que cõ os mares fiseraõ seu dever as enjoadas Naõ se uio mais terra alg[~u]a, viasse so Ceo, e agua, h[~u] que pedia o Eu outro que pedia O âtra Heraõ tudo inglesias gut mora de madrugada, gut naite â noite, e a biar suprindo na falta da agua Fomos con contrarios ventos oito dias; e a jornada se perdia, porque o Norte cortês nos acompanhava Auistamos hum Navio que vinha da gran Bretanha para as partes do Oriente e o vio, vendo a Capitania Ao bater as bandeiras posse â trinca, ou â capa disparando toda a peça de huã bauda e outra banda Mas como as Magestades ja mais estaõ obrigadas a agradecer cortesias respondeo a Almiranta Foy hum dos dias alegres que tiuemos na jornada mas ausentandosse o vento posnos tres dias em calma Sahiraõ os Bargantins visitousse a Capitania e os clarins dauaõ tangendo noticias da bonança Ouue brindes nos navios tantos; que ao hir para a cama ouue gente que cahio sete veses, sem ser sancta, Soprou ao outro dia viração do mar, mas branda e nos pos em breves horas junto á costa de Biscaya Continuou con mais força este vento; e na semana vespera das Ladainhas, mediosse o canal a braças Os abraços foraõ muitos as cantigas, as guitarras os jogos, os antremeses as mascarilhas, e as danças E o terço, que cada dia na nossa Nao se resava tres veses se duplicou tendo no fin sua salva Tantum ergo sacramentum con devaçaõ se cantaua porque a nossa Nao trasia muita gente de ordens sacras Ao outro dia vimos muitas Naos, e toda a Armada foj para reconhecellas conheceram ser de Olanda A minha por mais ligeira quis ser a mais empenhada e largando o pano todo deu a toda Olanda caça H[~u]a peça lhe atirou porem nam lhe deu a balla que se lhe dera o pilouro fora ureador na camara Recolheu todas as vellas e apagou a confiança porque ficou temerosa uendo estoutra temeraria Trouxe todas prisioneiras â Nao real; que bem paga do esferço do Capitão fes mesuras (digo) arfaua Seguiraõnos prisioneiras; porem fes o dia pausa, e nos fomos como sempre entrar con o terço de guarda Pouco se dormio a noite porque rodaraõ as camas con os mares; e por força se jugaraõ, as canastras Entre estas descompusturas que o t[~e]po imperfeito causa se uiraõ de notta negra figuras de notta branca E por ser historia breue quero que estejais na maxima, ouue gallo que cantou sem que se negasse a causa A estes gritos e voses acordou a madrugada dando da terra noticias posto que do Ceo chegaua Os marinheiros gritando vieraõ bater na camara, eu chamey por sancto Antonio tremendo como h[~u]as varas Porque h[~u] desia orirù, outro gut chimê, e tanta arenga sem se entender fas perder a confiança Entendi que nos pediaõ; e pedir de madrugada inda que sejaõ aluisaras ninguem lhe fes boa cara Pusme em pè e disse, amigos leuantar todos da cama que temos terra por proa nam poupemos dita tanta Fomos para sima e vimos huã distancia nevada que só a tinhaõ por terra os que a tinhaõ por patria Porem ao meyo dia a uimos destinta, e clara muitos montes, muitas torres, muitas terras, muitas casas. Mandousse huã Nao de auiso a Plemut, que sendo Infanta (ou Princesa) nam he muito que fosse a mais auisada Lançamos de tarde ferro e vimos vir para a Armada hum barco de pescadores gente san, rustica, e branda Vinham providos de peixe sardas, lagostas, e cabras marisco, de que se fes huã cea regalada Ouue em terra a noite toda fogos em tanta abundancia que obrigou a que os Nauios fossem pondo luminarias Muito foguete do ar lançou a nossa Almiranta que por serem de Lixboa dessiam cheyos de lagrimas As fortallesas da terra atiraram; na anciada tudo hera fogo e estrondo tudo trompetas bastardas Mandousse buscar refresco a terra; de madrugada e trouxesse muito pam ouos, gallinhas, e caça Muitas flores differentes marauilhas, goiuos, salua, alecrin, crauos, tomilho pombos, vitellas, e auguada Tudo nos foi nesseçario porque tres dias sobre ancora estiuemos; por o vento ser contra a nossa jornada Apesar do fero Norte fomos na volta de França que todos lançamos voltas pelas exequias da calma Chegou dia da Asençam e teve a Capitania o Sñor exposto á hora sermam e missa cantada Aparecerão Nauios e a tarde foy festejada porque dançando alavella tocauaõ clarins as vaccas Hiaõ para Portugal escreueosse muita carta deusse noticias do tempo das borrascas, das bonanças Relataraõsse os suspiros deusse noticias das ancias. que sempre ouue sentimentos em ausencias dillatadas Despediosse a Nao de todas veyo a noite embuçada e atras da noite a menhan pella maõ do quarto da lua Andousse pouco este dia e por naõ ter circumstancias passemos, que naõ há hom[~e] quando ha taõ roins cartas. Dia de saõ Bernardino fomos para a Capitania donde comungamos todos gente reconciliada Jantamos con tal grandesa pratos de yguarias tantas que bem mostrou os affectos quem sabe roubar as almas Cantousse de tarde tonos para aliuiar a causa de h[~u]a febre, que importuna a Magestade ocupava Ao vir para o Nauio (depois de estarmos em calma) veyo huã neuoa taõ grande que mal se uiaõ as aguas A disparar muitos tiros começou a Capitania, a tocar clarins na poupa e na proa a tocar caxas Os mais Navios tambem seguiraõ a mesma traça, e con ser longe da roca confuso qualquer se estaua Hia crecendo o estrondo o rolar do mar soaua vinhasse serrando a noite e abrindo a desconfiança A terra hiaõ sondando as voadoras fumaças que por fogir ao perigo he licita toda a traça. Fomos resar ladainha terço con preces, e salua, e a Magestade tambem devinamente entoava Cantaraõsse vilhancicos preparousse a conçoada que por ser Regia a grãdesa quis dispensar nella o papa Coubenos por aposento a mais magestosa casa por ver a gente Londrina o que o Sacerdosio alcança Ao romper da menhan rompeosse a tella de prata e foj medida con os remos por ser alta para as varas Chegamos â Nao Ruby que como nos esperaua (sentida de tanta ausencia) teue votos de Esmeralda De tarde chegou o Duque de York, em duas fragatas que deixou a h[~u]a vista por ser muchissima a calma Em h[~u] Bargantin real todo cheyo de vidraças veyo topando os Navios the parar na Capitania Os remeiros de uermelho muita pluma, muita prata e por naõ ter baxa alg[~u]a mandou diante embaixada Abateu logo a bandeira a Nao real; por ser tanta a magestade do Duque que aos abatidos levanta Da Capitania sahiraõ a recebello; e as aguas saltando con alegria fasiaõ trauessas danças Entrou o Duque bisarro levantou a Capitania a bandeira; mas de sorte que naõ ficou muito cara Depois que fes a vesita ha emferma da Esperança vendo a frota o bargantin receitou-lhe h[~u]as fumaças Foysse o Duque ja tam tarde que brilhauam as vidraças do bargantin, con os cabellos da que he firme na mudança Acompanhounos o Duque the entrarmos pella barra, que qu[~e] ganha todo o resto nam repara nas entradas Auistando terra sempre viemos con festa tanta que enganauamos a penna no logro da esperança Chegamos; ô quem tiuera h[~u]a eloquencia tam rara que relatâra esta dita o que este gosto explicâra Jesus, ja tomamos porto? jesus; ja vemos a barra? ja Portsmouth se uê tam perto? ja pisamos a Bretanha? Ja se acabou a pensam de recear, as borrascas; ja nos nam farâ o Norte tam repetidas carrancas Ja nam teremos biscoito tam duro como huá ingrata se bem remedio excellente nas dilaçoens das jornadas Ja nam teremos temperos sem sal, sem gosto, sem graça se bem hera do ençoço remedio a vaca salgada Ja nam ouuirey ringir o Nauio; n[~e] as camas andaram pellos beliches de h[~u]a para a outra banda Ja nam irey ao conues diuertirme, con as tabulas nem â noite, o sete estrello ver se fica juncto â barca Ja nam ouuirey de noite as voses desentoadas daquelles nossos ratinhos amigos de roupa branca Ja entrou a Nao real com ajuda das fragatas, que por aver pouco vento se quis valer destas traças Ja lançou ferro, e tambem lança ferro toda a Armada ja de terra, as fortalesas se enchergam pellas fumaças Ja chegaõ todos os botes rodeando a Capitania prouidos de galhardetes e bandeiras arrastradas Ja o bargantin do Duque se chega para as escadas da Nao Real, para ser archiuo de luses tantas Ja desse o sol de Lisboa ja entra a lux da Bretanha ja a bandeira Real se abate da Capitania Ja o bargantin aluôra aquella sonôra arpa que ade tocar alg[~u] dia conçonancias, e naõ falças Deu â uella e tam uelôx cortou a liquida prata que nam sabiam os olhos se corria, ou se uoaua Buscou a terra, e fes muito porque quem se uê tam alta so fas mençam do sublime so do subido se paga Porem nam pode chegar talues por amor das aguas, e destenperando as cordas esperou alguás pausas Chegou outro bargantin mais pequeno, vox mudada donde a prima da bellesa quis desser mais requintada Foi terceira h[~u] instromento que nam tem segundo, e basta que uisse ler de Cadeira h[~u]a bellesa tam rara Poucos compassos fiseram os remeiros, quando a prancha se pos em terra, e de h[~u] golpe saltaram todos na praya Adonde estauam os terços que guarneciam a praça gente bem paga do Rey e da Raynha bem paga Gente toda muy lusida cortês, como bem criada, deuotos, porque nenh[~u] faltou do terço na salua Hiamos todos diante admirando cõ as gallas Portuguesas, e o capricho da naçam que a Deos mais ama Depois dos terços seguiãsse os Vreadores da Camara se bem pareceo Cabido por ter porteiro da maça Entramos dentro em Palacio que hera h[~u] Castello da praça e apeouse da Carrocça aquella diuina Pallas Tam armada de bellesa como de capricho armada abrindo lhe a estribeira quem no seruir se estribaua Subio pella maõ do Duque entrou na primeira salla que inda teue h[~u] par de panos, cõ estar tam bem armada Muita fidalguia inglesa muita pluma, muita gala muita fita, muita ceda muito ouro, muita prata De fina tella uestidas estauam todas as damas cõ muitos signais no rostro e cõ repiques na graça Beyjarão todas a mam âquella bella Diana de quem; âs setas dos olhos seruem coraçoens de aljaua Entrou para descançar de tantas penas passadas de tantas glorias presentes que tambem a dita cança Nam lho permetio o pouo, porque a gente aluoraçada sem perder do Paço a Vista perdia o paço em buscalla Derâmnos bons aposentos cõ camas tam regaladas que o aliuio das pennas se achou nas penas das camas Os regalos heram muitos a terra das muito fartas a gente muito cortes e muito lindas as casas Por baixo muitos jardins por sima muitas uarandas estas muito uermelhinhas aquellas menos coradas O gouerno excellente e dos domingos a guarda muyto mayor que a do Rey cõ ser tam grande Monarcha Os catholicos ouuiam missa, cõ deuaçam tanta que puderam aprender alguns dos da nossa Patria Em Pallacio se desia missa, Domingo e semana e sobre a tarde, cantauam tons, os musicos da Camara Chegou de Londres El Rey cuido, que â terça ou â quarta para leuar para a quinta quem requinta a mesma graça Muito a taballe diante muita trompeta bastarda a cujo estrondo, atirou toda a artelharia a praça As Carroças, sem contia e a Caualaria tanta que sendo guarda do Rey fasiam mil quatorsadas Seguiamsse logo a estes quatro porteiros da cana que heram; por dados do Rey quadernas afortunadas Seguiamsse muy vistosos os officiaes da Casa botoens de Rosas â vista na cor verde e encarnada Tambem os seus Capellaens vieram cõ negras gallas galhardos a toda a ley porem nam á ley Romana Atras destes se seguiam os seus soldados da guarda no meyo a Real carroça chea de olhos sem pestanas H[~u]a tropa de Cauallos Leuaua de retaguarda que se armauam bem de peitos por b[~e] guardar lhe as espaldas Apeousse a Magestade (digo o Rey da grã Bretanha) cuja Magestade nunca poderâ ser apeada Salua lhe deram real os terços, e toda a praça e quem morria por vello, por vello vivas lhe daua Sobio a Pallacio, donde vio aquella Estrella d'alua emferma de tanta ausencia nos braços da Esperança Sem interpetre fiseram as cortesias vsadas que nam ha mister ter lingua corpo que tem duas almas Como tinha satisfeita, aquella primeira causa veyo dar a maõ a tantos que o trasiam nas palmas Foj correr as fortalesas o que esforçado Monarcha pois tam ferido de amor nam quer largar inda as armas Correu toda a Villa, e certo que foj cousa muy notada quando os Reis a todos dam roubar elle tantas almas Nam tem que ver o retrato cõ o magestoso da cara que se he sombra deste asombro a lux sempre foj mais clara Aqui fique a Musa agora por quanto a lux se me apaga, a penna vay sendo groça a tinta vem sendo branca Fique em Porstmout a thalia que tambem do mar cançada nececita que lhe demos feria no fim da semana Ella promete ao leitor finos pinseis, cores claras para pintar os Paises de Porstmout, para a Bretanha E em tanto que fica ausente aceite essa doce patria o desejo de seruilla e a vontade de logralla _Finis laus Deo._ Notas da transcrição: Por não existir nenhum caracter ascii correspondente às letras "u com til" e "e com til", foram esses caracteres substituidos pelas marcas [~u] e [~e] respectivamente. End of the Project Gutenberg EBook of Relaçam dedicada A Serenissima Senhora Rainha da Gram Bretanha da Jornada que fes de Lixboa the Port-ts Mouth, by Sebastião da Fonseca *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK RELAÇAM DEDICADA A *** ***** This file should be named 19641-8.txt or 19641-8.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: http://www.gutenberg.org/1/9/6/4/19641/ Produced by Pedro Saborano (Este ficheiro foi produzido a partir da digitalização do original, disponibilizada pela Biblioteca Nacional de Portugal - This file was produced from images generously made available by the National Library of Portugal) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. Creating the works from public domain print editions means that no one owns a United States copyright in these works, so the Foundation (and you!) can copy and distribute it in the United States without permission and without paying copyright royalties. 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If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm electronic work or group of works on different terms than are set forth in this agreement, you must obtain permission in writing from both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the Foundation as set forth in Section 3 below. 1.F. 1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread public domain works in creating the Project Gutenberg-tm collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic works, and the medium on which they may be stored, may contain "Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by your equipment. 1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all liability to you for damages, costs and expenses, including legal fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE PROVIDED IN PARAGRAPH F3. 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It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at http://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director gbnewby@pglaf.org Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit http://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: http://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: http://www.gutenberg.org This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.